IMG_0975Ô coisa difícil, né?

Estou em um grupo de artesanato e percebi que muita gente tem dúvidas em como cobrar por seu trabalho artesanal. Tem gente que olha e pensa: “Tem cara R$ 120,00” . E não é assim! Ele tem um valor real para quem o fez, tendo cara ou não!

Vou descrever aqui a minha visão sobre tudo isso, que eu acho que é mais medo e insegurança do artesão do que qualquer outra coisa. E caso alguém queria um profissional falando do assunto, tem um curso ótimo no Eduk que também abriu os meus olhos.

Só para vocês entenderem em porque eu penso tão “friamente” em relação à precificação é que eu tenho uma empresa de convites de casamento há 4 anos e que também é um artesanato. E nesses anos eu já passei por inúmeras situações que me deixaram mais espertinha. E agora com a THM eu já cheguei sem medo de colocar o preço que acredito ser justo. Um pouco é porque não dependo dela para pagar as minhas contas, então o que vender é lucro. E se não vender tudo bem também (claro que um dinheiro a mais ajuda). Além disso, junto com o que aprendi com a empresa de convites:

  • As pessoas que mais pedem desconto são as que mais encrencam.
  • Quando a gente gosta e quer alguma coisa de qualquer jeito, a gente dá um jeito de pagar. Quanta gente não tem reboco na parede de casa mas tem celular de última geração? Tudo é uma questão de prioridades.
  • Às vezes a gente acha caro e abaixa o preço porque a gente não teria dinheiro sobrando para comprar, mas existe alguém no mundo que tem.
  • Vale mais a pena trabalhar um pouco menos para ganhar mais, do que ganhar pouco e trabalhar demais. A gente sabe que quem faz artesanato em casa nunca pára de trabalhar. Eu vou focar aqui nos amigurumis, que levam horas para fazer, dói a mão e etc. Então é trabalhoso e merece ser valorizado. Então não adianta jogar o preço lá embaixo que você não vai ter vida de tanto que vai trabalhar, em 1 ano vai dar tendinite e cabô negócio.
  •  Nem todo mundo tem a facilidade que a gente para fazer o que fazemos. Eu já dei aula de crochê para iniciantes que desistiram na metade da aula. Ou terminaram a aula e encomendaram coisas para mim, porque não curtiram e prefiram pagar para alguém fazer.

Depois de tudo isso a gente cai na questão de segurança que comentei: a confiança do artesão.

Antes da revolução industrial ZzzZzZzz hehehe mas sério, antes da revolução industrial só os rycos tinham coisas bonitas em casa pois era tudo feito à mão e super trabalhoso, e as classes mais baixas não tinham dinheiro pra comprar. Lembram da aula de história?! Depois que teve a revolução industrial as coisas foram produziram em série, reduzindo o custo e se popularizando para as outras classes. O livro, lembra? Era escrito a mão e ninguém tinha acesso até inventarem a prensa gráfica. Eu não lembro da aula de historia, mas vi de novo na faculdade (sou formada em design) pois a profissão nasceu por aí para projetar objetos para serem produzidos em serie e com baixo custo, tornando acessível objetos legais para todos. Em algum momento da história (do Brasil) o negócio se inverteu e as coisas industrializadas são caras e o artesanal (único e exclusivo) são baratos. Mas se existe essa visão é culpa dos próprios artesãos que definem seus preços… Então, né?! Não temos como competir com valores de brinquedos chineses, pelo amor de Deus! Daí a pessoa não compra roupa da Zara porque são feitas com trabalho escravo, mas quer pagar barato no artesanato da sua cidade.

Eu fiz um presente de aniversário personalizado para uma tia alemã de uma senhora. Ela disse que a tia AMOU de paixão porque coisas personalizadas e feitas à mão na Alemanha são MUITO caras e por isso quase ninguém tem. Sentem aí a cultura de merda que a gente tem a diferença das culturas? Os 7×1 esfregados na nossa cara DE NOVO.

Então a minha sugestão é definir o valor de uma hora de trabalho e calcular por produto. “Ai mas o amigurumi vai custar mais de R$ 100,00” Vai. Dependendo de qual for, vai mesmo. E nesse tipo de artesanato, tamanho não é documento. Porque muitas vezes o valor do fio é mínimo perto do tempo da mão de obra. Então não importa o tamanho. E quanto menor, mais difícil, né? Quer maior, usa barbante. Muda o fio, mas o tempo de trabalho e número de pontos é o mesmo, independente do tamanho final do bichinho.

O valor do salário mínimo em 2016 vai ser de R$ 871,00 (GENTE!) e isso seria R$ 4,95 o valor da hora  de trabalho de quem trabalha 8 horas por dia, 5 dias na semana. Por aí você tem uma base. Só que acrescente férias, 13º e INSS (que tem que pagar viu gente, senão como que faz quando ficar velho?). Aí cada um faz seu cálculo. Mas de qualquer forma eu recomendo fortemente o curso do EDUK pra vocês entenderem melhor.

Além disso, vejam o quanto vocês demoraram para aprender e conseguir fazer o produto oferecido e qual a disponibilidade de similares no mercado. Se investiram em cursos e também na qualidade dos concorrentes oferecidos. É legal ter uma base de valores dos concorrentes, mas pensar: “Vou cobrar menos e roubar os clientes” é muito feio, viu? E fazendo isso, vocês estria sendo muito burro/a.

Ninguém melhor para valorizar nosso trabalho que nós mesmos. As mulheres aprendem ao longo da vida a se valorizar, mas muitas acabam na “prostituição” do artesanato, vendendo barato com medo de não vender. Não sintam medo, cobrem um valor justo. Não é feio ganhar dinheiro, não é pecado cobrar pelo nosso trabalho.

Beijos!

 

 

 

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